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Menos de um ano após ter seu nome celebrado como um símbolo da nova geração de treinadores promissores do país, Filipe Luís convive com um cenário bem diferente no Flamengo. A pressão sobre o ex-lateral cresceu nos bastidores e nas arquibancadas, apesar da conquista de três títulos de base e do desempenho considerado positivo à frente do sub-20 rubro-negro.
A menos de um ano, Filipe Luís se tornava uma unanimidade .." - disse Eric Faria
“A menos de um ano, Filipe Luís se tornava uma unanimidade para dirigir o time profissional do Flamengo, certo? Nesse período, conquistou três títulos, fez a equipe jogar um futebol vistoso e recebeu muitos elogios da opinião pública”, escreveu Eric. No Instagram, Eric Faria — que cobre o clube há mais de duas décadas — destacou o contraste.
Para o jornalista, o técnico não deixou de ser promissor, mas passou a ser tratado com desconfiança à medida que Jorge Jesus ficou novamente livre no mercado. O cenário começou a mudar nas últimas semanas, especialmente após oscilação nas atuações do time sub-20 e a eliminação precoce na Copa do Brasil da categoria.
As críticas nas redes sociais cresceram, e parte da torcida já se mostra contrária a uma futura promoção de Filipe ao elenco principal. Internamente, não há uma ruptura declarada entre diretoria e comissão técnica do sub-20. O clube evita expor qualquer plano sobre o futuro de Filipe, cujo contrato vai até dezembro de 2025. No entanto, também não há conversas em andamento para uma possível renovação.
A análise de Eric sugere que há um movimento de desgaste em curso, ainda que não necessariamente institucional. “De uma hora para outra, o promissor técnico, para alguns, regrediu algumas casas nesse tabuleiro cruel do futebol brasileiro (...) Esse processo de fritura silenciosa que se instalou sorrateiramente nas redes sociais pode até não alcançar o objetivo que é derrubar o treinador”, pontuou.
Ex-auxiliar técnico agradeceu ao clube nas redes sociais após a chegada de Rodrigo Caio como novo integrante da comissão
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A comissão técnica liderada por Filipe Luís no Flamengo teve sua primeira mudança desde que foi formada no fim de 2023. O auxiliar técnico Daniel Alegria não faz mais parte da equipe e se pronunciou de forma pública nesta segunda-feira (19), através das redes sociais. Em um post objetivo, Daniel adotou um tom positivo e de gratidão.
Sem apontar mágoas ou frustrações, ele afirmou que sua saída representa apenas o encerramento de mais um ciclo. Alegria estava no clube desde 2023, quando chegou para atuar no time sub-17. Em seguida, acompanhou Filipe Luís na transição para o elenco profissional. “Encerrar ciclos faz parte da jornada. Após um período marcante, me despeço do Flamengo, onde tive o privilégio de viver intensamente o dia a dia do clube”, escreveu o auxiliar.
Internamente, a decisão foi tomada por Filipe Luís e comunicada à diretoria. A avaliação do treinador foi de que a função exercida por Daniel, voltada principalmente para o setor de bolas paradas, poderia ser distribuída entre os outros membros da comissão técnica. A mudança também abriu espaço para o ingresso de alguém com vivência de campo recente — o que levou à escolha de Rodrigo Caio.
Rodrigo foi anunciado como novo membro da comissão no último final de semana. Ídolo recente do clube e multicampeão com a camisa rubro-negra, ele se junta ao grupo técnico com a missão de contribuir principalmente no aspecto tático e no relacionamento com o elenco. Mesmo fora do cargo, Alegria destacou que viveu momentos intensos e de evolução ao lado de profissionais que “acreditaram nas ideias e confiaram no processo”. Em seu texto, pontuou que entrega e dedicação foram marcas da sua atuação.
“Foram meses de entrega, dedicação e aprendizados valiosos. Trabalhar ao lado de grandes profissionais e atletas que acreditaram nas ideias e confiaram no processo foi, sem dúvida, o maior retorno”, completou. A saída de Daniel foi recebida de forma tranquila no departamento de futebol. Não houve ruptura ou atrito, mas sim um entendimento técnico sobre ajustes no perfil da comissão. A entrada de Rodrigo Caio, nesse cenário, é vista como natural e alinhada à filosofia que Filipe Luís quer implementar.
Lesão do meio-campista uruguaio não exige cirurgia, e departamento médico do Mais Querido mantém otimismo para o Mundial nos EUA
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De La Cruz sofreu uma entorse no joelho esquerdo durante a partida contra o Botafogo, disputada no último domingo (18), pelo Campeonato Brasileiro. A situação do atleta levantou dúvidas entre torcedores sobre a possibilidade de ausência no Mundial de Clubes. A lesão preocupa, mas, segundo informações apuradas pelo Gazeta do Urubu, a lesão deve demorar por volta de 3 semanas.
Apesar da gravidade da entorse, a previsão inicial mantém otimismo. O meio-campista ainda tem chances de atuar na competição internacional, marcada para o mês de junho, nos Estados Unidos. O clube rubro-negro seguirá trabalhando em tempo integral com o objetivo de garantir a presença do uruguaio no elenco que disputará o torneio.
Enquanto monitora a evolução clínica do jogador, o foco imediato está na Copa do Brasil. O Mais Querido enfrenta o Botafogo-PB nesta quarta-feira (21), às 21h30, no Maracanã, pela partida de volta da terceira fase do torneio nacional. No confronto de ida, a equipe venceu por 1 a 0 e precisa apenas de um empate para avançar.
A tendência é que o técnico mantenha a formação alternativa utilizada na primeira partida, poupando nomes importantes visando o duelo contra o Palmeiras, pelo Campeonato Brasileiro. Jogadores como Matheus Cunha, Evertton Araújo e Ayrton Lucas devem receber mais minutos em campo, seguindo a estratégia adotada anteriormente.
O Flamengo segue confiante no avanço à próxima fase da Copa do Brasil mesmo sem peças fundamentais no meio-campo. A ausência de De La Cruz é sentida, mas o elenco busca mostrar força coletiva. Paralelamente, a comissão técnica e o departamento médico intensificam os cuidados para recuperar o camisa 18 a tempo do Mundial de Clubes, considerado um dos principais objetivos do clube na temporada.
De la Cruz tem entorse no joelho e vira desfalque em meio à crescente preocupação da comissão técnica com o calendário apertado às vésperas do Mundial
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A comissão técnica comandada e liderada por Filipe Luís na área física terá mais um desafio: administrar um elenco encurtado por lesões em meio a uma sequência dura de jogos. De la Cruz se junta a Gonzalo Plata, Allan e Erick Pulgar no departamento médico. Matías Viña, por sua vez, segue em recondicionamento físico e não deve atuar antes do torneio nos Estados Unidos.
Na coletiva após o clássico com o Botafogo, Filipe Luís já havia criticado de forma direta o calendário do futebol brasileiro. E a situação do uruguaio reforça a tese do preparador físico: é difícil manter o alto rendimento técnico e físico com partidas a cada 72 horas, como será a realidade do Flamengo neste mês de maio.
O desgaste também impactou em outras decisões. Arrascaeta, por exemplo, foi poupado do clássico, e Filipe admitiu que há outros atletas "no limite". Mesmo assim, não há tempo para descanso. A equipe já se reapresentou na manhã desta segunda-feira (19) no Ninho do Urubu e terá apenas dois dias de preparação até a partida contra o Botafogo-PB, que vale vaga nas oitavas da Copa do Brasil.
Confira a maratona de jogos do Flamengo antes do Mundial de Clubes:
21/05 (quarta): Flamengo x Botafogo-PB — Copa do Brasil
25/05 (domingo): Palmeiras x Flamengo — Brasileirão
28/05 (quarta): Flamengo x Deportivo Táchira — Libertadores
01/06 (domingo): Flamengo x Fortaleza — Brasileirão
É um cenário que exige decisões cirúrgicas da comissão técnica. O Flamengo deve escalar força máxima nas partidas contra Palmeiras e Deportivo Táchira, considerados compromissos-chave tanto na briga pelo topo do Brasileirão quanto para garantir a classificação direta às oitavas da Libertadores. Nos demais jogos, a tendência é que o time seja mais mesclado.
A fala é reforçada por um dado prático: serão quatro jogos em 12 dias. Média de um jogo a cada três dias — e com deslocamentos, como a viagem a São Paulo para enfrentar o Palmeiras. Tudo isso às vésperas de um Mundial que virou prioridade interna. Em meio a essa pressão, a CBF atendeu a um pedido da diretoria rubro-negra e adiou a 12ª rodada do Brasileirão para os clubes que participarão do Mundial de Clubes. Com isso, o Flamengo terá cerca de 15 dias livres para se preparar, entre o fim da maratona e a estreia nos Estados Unidos.