Agora, Gabi vai precisar recomeçar. Mas ele sempre soube recomeçar.

Errar é humano e isso todo mundo sabe. O Gabigol errou e ele sabe disso. Errou ao se negar fazer o exame de doping, no horário correto e ao reclamar da testagem. Errou ao usar a camisa de outro time, estando em má fase. Ressalto isso porque se ele estivesse em outro momento da carreira, talvez a situação seria repercutida de uma outra forma. Errou ao demorar em reconhecer o erro. Em mentir. Ele errou, mas pediu desculpas.

Ainda acho que ele (também) errou porque deveria estar treinando na folga e não fazendo churrasco e bebendo cerveja. Só entrando em forma ele poderá adquirir ritmo de jogo para se encaixar nesse esquema de Tite. Mas, esse debate fica para depois. Não sei se perder a camisa 10 resolve o problema, mas que mexeu com o ego do Gabigol, mexeu. Rescindir o contrato seria muito além.

Agora, Gabi vai precisar recomeçar. Mas ele sempre soube recomeçar. Em 2016, nas Olimpíadas, ajustou como ponta numa seleção com 3 atacantes. Quando retornou ao Santos, por empréstimo em 2018, foi artilheiro daquele Brasileirão. Chegou ao Flamengo, deu o título da Libertadores e fez o clube comprá-lo, por quase 100 milhões de reais, da Inter de Milão em 2020. Quando, mesmo pendurado, sempre “pilhado”, ficou 18 jogos sem levar o terceiro cartão amarelo e carregou o time rumo ao título Brasileiro. Quando, em 2022, recuou, abriu espaço para Pedro e fez o gol de mais um título da Libertadores, contra o Athlético.

Mais que uma chance, Gabigol ganha uma sobrevida. Depende dele entrar e dar o seu melhor. Impossível, não é. Faltam seis meses para o casamento entre o novo camisa 99 e o Flamengo terminar. Gabigol ainda tem chance de sair amigo do “ex”. Isso, se ele não sair em julho, claro. Faz parte. Ele tem vaga no mercado brasileiro. Especula-se que Cruzeiro, Bahia e Corinthians estejam de olho no atacante.

Mas, aos 27 anos, no Ninho do Urubu ou em outra equipe, ele ganha mais uma chance. Basta querer. Tem, pelo menos, uns 8 anos de carreira pela frente. E sabemos que o esporte tem dessas coisas: treino, superação e sacrifício geralmente trazem resultados surpreendentes. Os atletas se superam, até porque, o trabalho "devolve". Basta saber se Gabi vai querer aproveitar essa nova chance.

O número 99, nova camisa de Gabigol, já virou o símbolo do infinito em suas redes sociais. Infinito por estar marcado na história do time rubro-negro? Infinito seria o amor que ele tem pelo Flamengo? Ou infinito porque, perto do fim, também está o início? Cabe a Gabigol querer recomeçar.

Texto de opinião de Amandda Souza

Jornalista, editora e comentarista esportiva