Flamengo sem Tite: Filipe Luís vira interino e torcida pede paciência

A pressão sobre Tite nos bastidores do Flamengo cresceu nos últimos dias, especialmente após a eliminação na Libertadores. A demissão do treinador foi anunciada apenas dois dias antes da semifinal da Copa do Brasil contra o Corinthians. Mesmo com a vitória por 1 a 0 contra o Athletico-PR no domingo, encerrando uma sequência de quatro jogos sem vencer, a pressão interna não diminuiu. Exemplo de Sampaoli e multa baixa

Em 2023, a diretoria do Flamengo decidiu manter Jorge Sampaoli para a final da Copa do Brasil, apesar do desempenho ruim. O resultado foi a derrota para o São Paulo e o fim de ano sem títulos. Desta vez, Rodolfo Landim e seus pares optaram por buscar um "fato novo" para evitar que o cenário se repetisse. A proximidade da eleição presidencial do clube, marcada para 9 de dezembro, também influenciou a decisão, uma vez que Tite estava com baixíssima popularidade entre a torcida, como demonstrado pelos xingamentos no Maracanã no domingo.

Outro fator que facilitou a decisão foi a baixa multa rescisória. O Flamengo precisará pagar apenas 50% do valor restante do contrato de Tite, que tinha mais três meses de duração, resultando em um montante de aproximadamente R$ 3 milhões.

A possibilidade de promover Filipe Luís, técnico do Sub-20, vinha sendo considerada nos bastidores e ganhou força após a eliminação na Libertadores. A relação de confiança entre Filipe e Marcos Braz, estabelecida desde que o dirigente foi à Espanha em 2019 para contratar o jogador, facilitou a rápida negociação.

Apesar de Filipe Luís ter sido anunciado como técnico interino, segundo o ‘GE’, a intenção do Flamengo é assinar um contrato com ele até o fim de 2025, mesmo com a nova diretoria que assumirá após as eleições. Filipe disputaria o título do Carioca Sub-20 nesta semana, mas já mudou sua rotina e começará a trabalhar com o time principal na tarde desta segunda-feira, no Ninho do Urubu.

A pressão sobre Tite nos últimos dias, intensificada pela eliminação na Libertadores, culminou na decisão da diretoria do Flamengo de demiti-lo, mesmo com a semifinal da Copa do Brasil contra o Corinthians se aproximando.

O treinador foi dispensado dois dias antes do início do mata-mata. A vitória por 1 a 0 contra o Athletico-PR no domingo, que quebrou uma sequência de quatro jogos sem vencer, não foi suficiente para aliviar a pressão ou mudar a avaliação do trabalho, considerado estagnado pela diretoria.

Tite chegou ao Flamengo em outubro do ano passado, cercado de prestígio. Sob seu comando, o clube conquistou o Campeonato Carioca de forma invicta, com a defesa menos vazada da história da competição, sofrendo apenas um gol.

Durante a Copa América, mesmo com muitos desfalques, o treinador conseguiu manter o time competitivo, o que foi bem visto internamente. No entanto, a queda de rendimento a partir de agosto despertou preocupações, ainda que a diretoria atribuísse parte desse declínio às constantes ausências no elenco.

Após a eliminação na Libertadores, a partida contra o Athletico-PR foi tratada como uma "última chance" para Tite reverter a situação. Apesar da vitória, conquistada com um gol de Gerson aos 44 minutos do segundo tempo, o desempenho não foi considerado suficiente.

A rápida chegada de Tite à sala de coletiva após o jogo, algo incomum, chamou a atenção, sugerindo um contato curto entre o treinador e os jogadores. Na verdade, segundo o 'GE', não houve nenhuma interação, o que foi interpretado como um sinal de distanciamento e falta de sintonia, algo que incomodou ainda mais os dirigentes.

Após a partida, o presidente Rodolfo Landim e o vice de futebol Marcos Braz discutiram a situação. Na manhã de segunda-feira, decidiram pela mudança, comunicando o agente de Tite, Gilmar Veloz, e publicando a nota oficial da demissão às 7h30.

A situação de Tite no Flamengo tem se tornado cada vez mais complicada. Embora o treinador tenha chegado com grande expectativa e respaldo da diretoria e torcida, os resultados recentes e a falta de evolução no desempenho da equipe geraram um clima de instabilidade. O possível desligamento de Tite, no entanto, ainda depende de um fator crucial: o desfecho na Copa do Brasil. Apesar da pressão interna, a diretoria do Flamengo não pretende tomar uma decisão precipitada antes do término da competição.

Nos bastidores, o apoio ao treinador diminuiu de forma significativa. O que antes era visto como uma contratação que poderia agregar experiência e consistência ao elenco, agora é considerado uma aposta que não rendeu o esperado. A insatisfação é evidente tanto no departamento de futebol quanto entre membros da cúpula do clube, que já discutem cenários para o futuro caso o Flamengo não consiga avançar na Copa do Brasil.

A expectativa, no entanto, é que Tite permaneça até o fim do torneio, já que a competição é tratada como a última oportunidade para o treinador reverter o quadro e justificar sua permanência. A avaliação é que, apesar das críticas, o time ainda tem chances de ser campeão e que a troca de comando neste momento poderia comprometer o planejamento e causar um impacto negativo no desempenho dos atletas.

Por outro lado, o que se percebe é uma mudança de postura por parte dos dirigentes que, anteriormente, davam declarações públicas de confiança e suporte a Tite. Agora, a comunicação sobre o futuro do treinador se tornou mais cautelosa e reservada, sinalizando uma abertura para mudanças no comando técnico. As conversas sobre um possível sucessor já circulam nos bastidores, mas tudo depende do desenrolar das próximas semanas.

Tite, que chegou ao Flamengo com um histórico vitorioso e credenciais de peso, não conseguiu implementar um estilo de jogo consistente e adequado ao elenco. A falta de variação tática e os resultados oscilantes colocaram em xeque sua capacidade de lidar com a pressão e comandar um grupo recheado de estrelas. Isso gerou não só a desconfiança da diretoria, mas também repercutiu negativamente entre os jogadores, que já não demonstram o mesmo nível de comprometimento em campo.