JUSTIÇA MANTÉM INDENIZAÇÃO DO FLAMENGO A FAMÍLIA DE VÍTIMA DO INCÊNDIO NO NINHO DO URUBU

Flamengo e Amazonas se enfrentam nesta quarta-feira (22), às 21h30, na Arena da Amazônia, pela volta da terceira fase da Copa do Brasil. Enquanto o Fla teve uma semana para se preparar, pois Série A foi suspensa, o adversário deu sequência a maratona e empatou com Paysandu, no sábado (18). Após o jogo, o técnico Adilson Batista falou sobre desgaste físico e não descarta mudanças para enfrentar o Fla.

O treinador optou por escalar time praticamente titular para enfrentar o Paysandu, mas o resultado foi apenas empate em 1 a 1 dentro de casa. O planejamento inicial era de poupar atletas, e ele admite que a decisão pode aumentar problemas com desgaste antes de Amazonas x Flamengo. Por outro lado, também mostra confiança nas opções que possui no elenco.

“Temos a termografia, fisiologia, o pessoal da massagem, a retaguarda do DM e conversando com alguns eu iria até fazer trocas, mas decidimos a permanência. Sabemos do desgaste, é difícil quando temos essa sequência. Às vezes você fala em elenco, em peça de reposição, alterações. E tem que ir fazendo. É uma característica do próprio elenco também, é entender o que tem”, disse Adilson Batista.

O time teve seis mudanças em relação ao que enfrentou o Flamengo no Maracanã, seja por retorno de atletas, opção técnica ou desfalques. O goleiro Marcão e o zagueiro Miranda, por exemplo, se tornaram titulares nos últimos jogos por escolha do treinador.

“A gente tem que pensar jogo a jogo, é outra competição. Eu pedi que o jogo com Paysandu fosse domingo, justamente pelo desgaste, mas não fomos atendidos. Sabia que teríamos um desgaste grande. É pensar jogo a jogo. Tentar recuperar eles, segunda começamos a trabalhar e pensamos no difícil jogo pela Copa do Brasil”, afirmou em outra resposta.

O único setor que o treinador realmente conseguiu descansar os titulares foi o ataque, que contou apenas com Matheus Serafim no time titular contra o Paysandu. Sassá, que está se recuperando de lesão, e William Barbio, poupado, devem retornar à formação inicial na Copa do Brasil. Os dois são artilheiros do time na temporada, com sete gols.

Vale lembrar que o Flamengo tem vantagem do empate no jogo por vitória no Maracanã. Ou seja, o Amazonas terá que atacar e tentar de vencer por pelo menos um gol para levar disputa para os pênaltis.

A reforma de São Januário está cada vez mais próxima de sair do papel e se encontra em estágio avançado na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. E a aprovação dela por parte dos vereadores poderá beneficiar diretamente o projeto de estádio do rival do Vasco, o Flamengo. Ponto em comum

A reforma de São Januário e o projeto de estádio do Flamengo possuem um ponto em comum: o mecanismo de "potencial construtivo" sugerido pela Prefeitura do Rio de Janeiro.

No caso do estádio cruzmaltino, o potencial construtivo já foi aprovado pela Prefeitura e está sendo apreciado pela Câmara. Ele já teve uma audiência pública e passará por pelo menos mais duas antes de ir para votação. Caso os vereadores sinalizem positivamente ao projeto, o Vasco poderá vendê-lo no mercado para aplicar, obrigatoriamente, na reforma de seu estádio. Calcula-se que o time da colina conseguirá arrecadar cerca de R$ 500 milhões.

No caso do Flamengo, o prefeito Eduardo Paes colocou duas possibilidades de potencial construtivo: uma para a Caixa Econômica Federal e outra para a sede flamenguista da Gávea.

Em relação à Caixa, o mecanismo seria para seu terreno na região do Gasômetro, no Centro (RJ). Com isso, o banco estatal poderia arrecadar verbas em outros pontos da cidade e baratearia a região para o Rubro-Negro, que tem o desejo de construir ali seu estádio.

Porém, a possibilidade que se tornou mais concreta é para a sede da Gávea. O dinheiro arrecadado teria que ser usado, obrigatoriamente, na obra de seu estádio. Uma reunião para debater o tema aconteceu no dia 15 de abril entre o presidente rubro-negro, Rodolfo Landim, e o prefeito do Rio, Eduardo Paes.

O Flamengo, no entanto, ainda encontra resistência da Caixa. Clube e banco estatal não chegaram a um denominador comum na questão de valores e compra do terreno no Gasômetro. De qualquer forma, ter o potencial construtivo em mãos já é um grande passo, e a possível aprovação do mecanismo para o Vasco é um indício de que o mesmo deverá ocorrer com o Rubro-Negro.

Eduardo Paes voltou a fazer lobby em favor do estádio do Flamengo no Gasômetro. Desta vez, durante ação para divulgar o novo projeto da Prefeitura: o Parque do Porto, um projeto ambiental de modernização da zona portuária do Rio.

No documentário da Netflix sobre a tragédia no Ninho do Urubu, lançado nesta quinta-feira (14), a mãe do jovem Christian Esmério, única que não fechou acordo com o Flamengo pela tragédia, explicou porque se recusou a aceitar a oferta do clube.

“Cada um resolve da forma que é viável. Para mim fechar um acordo com o Flamengo não vai virar a página. Desde 2019 o que eu percebo é que o Flamengo está o tempo todo tentando responsabilizar terceiros por uma responsabilidade que é deles. Não é questão financeira, não é por questão de indenização. É questão de querer justiça. Eu não aceito que um réu sente na cadeira da Justiça e decida ele mesmo o que ele vai pagar. Porque no momento que eu aceito o que eles querem me dar, é estar dando a oportunidade de ele decidir qual é a pena deles”, justificou Andréa Esmério.

Andréa e o ex-marido Cristiano, pai de Cristian, juntamente com o irmão do jovem, ganharam em primeira instância da Justiça uma indenização de cerca de R$ 3 milhões do Flamengo. O clube pediu esclarecimentos sobre a decisão e deve recorrer para não pagar.

No documentário, Cristiano reclama da maneira como o vice-presidente jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee de Abranches, se portou na audiência de conciliação realizada ainda em 2019 para tentar chegar a um acordo com a família das vítimas.

“Quando a gente entra pra reunião, o vice jurídico deles vira: ‘Daqui a 15 minutos eu tenho que dar uma saída, porque eu tenho outra reunião”. Pô, aquilo ali acabou com a gente. Foi uma coisa desumana total. Até me exaltei, dei um tapa na mesa na hora, que eu fiquei muito chateado com a situação. Estava com raiva, estava revoltado, tinha acabado de perder meu filho, e passar por um papel daqueles que o Flamengo estava me fazendo passar. Com tudo que nós passamos, com tudo que aconteceu, a perda dos nossos filhos, a falta de informação no dia do acidente, [a reunião] é onde nós acordamos para a vida e vimos que o Flamengo estava pouco se lixando”, afirma.

O documentário também mostra uma cena de Andréa e Cristiano se reunindo com um advogado, que garante que o Flamengo é responsável pelo incêndio e a vitória na Justiça é certa, sendo apenas uma questão de definir o valor da indenização.