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Em competições de alto nível, a definição de uma partida nos pênaltis sempre carrega um peso significativo. Para muitos times, esse momento pode ser decisivo e provocar nervosismo em torcedores e jogadores. No entanto, quando se tem um goleiro especialista como Agustín Rossi, a tensão pode ser um pouco aliviada. Apesar de o objetivo principal ser decidir a partida durante os 90 minutos — ou até mesmo em prorrogação, caso haja —, a confiança no goleiro argentino em situações de penalidades não é um mero discurso.
A presença de Rossi inspira um sentimento de segurança em sua equipe. Em declarações recentes, a confiança depositada nele foi deixada clara: "Claro que não queremos ir para os pênaltis, mas se por acaso for, eu tenho plena confiança no Rossi". A frase resume o quanto ele é visto como um trunfo em momentos decisivos. Entretanto, esse tipo de cenário não depende só do goleiro. "Claro que os batedores também têm que ajudar, né?", completou, enfatizando que a responsabilidade é dividida entre quem está debaixo das traves e quem assume a tarefa de cobrar as penalidades.
FLAMENGO TEM ESPERANÇAS NA VIRADA
Essa confiança não é infundada. Agustín Rossi construiu uma sólida reputação em disputas por pênaltis, especialmente nos tempos em que defendia o Boca Juniors. Na Argentina, o arqueiro ficou conhecido como um dos melhores na posição, fazendo com que, em muitas partidas, as torcidas rivais já considerassem o cenário de penalidades um fator a ser temido quando Rossi estava presente. É por isso que, em jogos de mata-mata, a expectativa é de que o argentino mantenha o nível de atuação que fez sua fama.
A história de Rossi nos pênaltis é uma combinação de técnica e frieza. Durante sua passagem pelo Boca, ele acumulou uma sequência impressionante de defesas que garantiram vitórias importantes ao time argentino. Nos momentos em que a torcida xeneize entoava "VAMOS AGUSTÍN, VAMOS AGUSTÍN", não era apenas para dar força ao goleiro, mas sim uma expressão de confiança baseada em performances passadas. Esse tipo de apoio não surge do nada; é fruto de atuações decisivas que marcaram o nome de Rossi na história do clube.
A capacidade de Agustín em ler os movimentos dos batedores adversários é um dos seus diferenciais. Ele consegue, muitas vezes, antecipar para qual lado a bola será direcionada, e isso aumenta sua eficácia em defesas. Essa leitura não se dá apenas pela observação corporal do oponente, mas também por um estudo prévio dos principais cobradores das equipes rivais. Rossi se prepara intensamente para esses momentos e, por isso, é considerado um goleiro acima da média quando o assunto é decisão por penalidades.
O Rubro-Negro terá pela frente o campeão alemão e um dos favoritos ao título internacional, mas que chega pressionado após oscilações na fase de grupos
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O confronto entre Flamengo e Bayern reúne dois dos elencos mais fortes da Copa do Mundo de Clubes, mas que chegaram até aqui por caminhos distintos. O time brasileiro avançou em primeiro no grupo B após vitória sólida sobre o Chelsea, enquanto os alemães ficaram na segunda colocação do grupo C após perderem para o Benfica na última rodada.
Mesmo com a derrota, o Bayern não deixa de ser um dos favoritos ao título. Campeão da Bundesliga 2024/25, o clube bávaro também tem os melhores números ofensivos do torneio até agora, com 138 gols marcados em 51 jogos na temporada uma média de 2,7 por partida. A partida entre Flamengo e Bayern terá arbitragem do inglês Anthony Taylor, nome experiente do quadro da FIFA.
Apesar do favoritismo, o Bayern não chega imbatível ao mata-mata. A vitória por 10 a 0 sobre o Auckland City na estreia ilustrou o poderio ofensivo da equipe, mas os jogos seguintes mostraram vulnerabilidades. O time venceu o Boca Juniors por apenas 2 a 1 e perdeu para o Benfica com um time alternativo, resultado que o deixou na segunda posição da chave.
Essas oscilações chamaram a atenção da comissão técnica do Flamengo, que vê brechas no sistema defensivo alemão. A média de um gol sofrido por partida na temporada é uma estatística que dá esperanças ao Rubro-Negro. Tanto Vincent Kompany quanto Filipe Luís representam a nova geração de treinadores no futebol mundial.
O belga, de 39 anos, comanda o Bayern com uma proposta de jogo baseada na intensidade, pressão alta e construção desde a defesa. Os números, no entanto, mostram que sua equipe também dá espaço ao adversário. No Flamengo, Filipe Luís tem apostado em uma equipe organizada e agressiva na marcação. A vitória por 3 a 1 sobre o Chelsea foi construída com essa base, e a tendência é que o Rubro-Negro mantenha esse modelo diante dos alemães.
Cacau foi uma das estrelas do Stuttgart, que conquistou o título do Campeonato Alemão na temporada 2006/07. A conquista foi a quinta da equipe na história
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O Flamengo tem um desafio enorme no domingo, pelas oitavas de final do Mundial de Clubes: enfrenta o Bayern de Munique, atual campeão alemão e considerado um dos favoritos ao título. Mas um brasileiro que conhece bem a equipe bávara afirma que há maneiras de superar o rival europeu.
Cacau sobre o Bayern: "A defesa é o ponto fraco do deles. Por isso, pressionar a saída de bola pode ser uma boa ideia"
E não é qualquer brasileiro: o ex-atacante Cacau, que fez quase toda a carreira na Alemanha e chegou a jogar pela seleção do país na Copa de 2010, sabe bem o que é enfrentar e vencer o Bayern de Munique. "O Flamengo vai dar trabalho, e as chances de vencer a partida são boas", afirma.
Cacau foi uma das estrelas do Stuttgart, que conquistou o título do Campeonato Alemão na temporada 2006/07. A conquista foi a quinta da equipe na história, a última até hoje. Aquele título ficou marcado por uma arrancada da equipe na reta final, que incluiu uma vitória por 2 a 0 sobre o Bayern na 30ª rodada. Os dois gols foram marcados por Cacau, e aquela derrota destruiu as chances do time bávaro brigar pelo título.
Quase três décadas depois, o brasileiro ainda acompanha de perto a Liga Alemã, e conhece bem o atual elenco do Bayern de Munique. O ex-jogador deu duas dicas para o time de Filipe Luis tentar se impor sobre o adversário.
"A defesa é o ponto fraco do Bayern. Por isso, pressionar a saída de bola pode ser uma boa ideia, para forçar erros", afirma o ex-atacante. Já para a defesa do Flamengo, a recomendação é ficar de olho em um trio. "Eles não podem dar espaços para Olisé, Musiala e Sané, que são perigosos individualmente".
Cacau ainda tem casa na Alemanha e passa uma parte do ano no país. Por isso, sabe bem qual a real importância que o Mundial de Clubes tem para o torcedor alemão. "Para os clubes, é importante. Mas para os torcedores, é um torneio meio "fora de hora" e por isso ainda não pegou", afirma.
O jornalista alemão Mario Krischel, que cobre o dia a dia do Bayern para a revista Kicker e está acompanhando o Mundial nos EUA, disse que o clube leva muito a sério o duelo contra o Rubro-Negro: "Ninguém, absolutamente ninguém no Bayern está subestimando o Flamengo. Jogadores e comissão técnica sabem que será um jogo duro", afirmou.
Portugueses chegam com moral às oitavas de final após vencer o Bayern de Munique na última rodada da fase de grupos e terminar como líder do Grupo D
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Bruno Lage, técnico do Benfica, afirmou que não analisou a forma como o Flamengo venceu o Chelsea por 3 a 1 antes do jogo decisivo contra o clube inglês. O treinador ressaltou que viu o jogo de outra forma:
"Nós não analisamos muitos jogos do Chelsea. O jogo com o Flamengo foi importante para perceber como a equipe se comporta nas condições em que estamos [muito calor]. Isso muda ligeiramente a intensidade do jogo, vimos nessa perspectiva"- Bruno Lage, em coletiva de imprensa na véspera da partida.
O atacante Pavlidis, principal goleador da equipe, também seguiu o discurso do treinador. O grego disse que o Benfica não analisou os caminhos que fizeram o Flamengo sair com a vitória naquele jogo:
"Nós não vimos exatamente como o Chelsea perdeu. Mas analisamos o Chelsea e vamos fazer o melhor para vencermos e seguir na competição. Sabemos que vai ser muito difícil"- Pavlidis.
O Benfica chega com moral às oitavas de final após vencer o Bayern de Munique na última rodada da fase de grupos e terminar como líder do Grupo D do Mundial. Isso porque o time Bávaro é um dos candidatos ao título desta primeira edição do Mundial de clubes.
O meio-campista Dario Essugo, contratado recentemente pelo Chelsea, afirmou que a derrota para o Rubro-negro "ajudou" o clube inglês a entender o que pode ser melhorado em um novo sistema de jogo.
"Ajudou porque tentamos um sistema de jogo novo. Deu para ver o que podíamos ter feito melhor e essas derrotas servem para isso", disse o jogador.
Enzo Maresca, técnico do Chelsea, disse que a derrota para o Flamengo já passou, mas elogiou o adversário da fase de grupos; "Eu acho que Flamengo já foi, precisamos pensar no Benfica. O que posso dizer do Flamengo é que eles têm um bom time, um bom técnico e jogaram muito bem contra nós", afirmou.
O Chelsea é um problema para o Benfica. As equipes se enfrentaram três vezes em competições internacionais (Liga dos Campeões e Liga Europa) e foram três vitórias para os Blues. O clube português tenta repetir o feito do jogo contra o Bayern de Munique — quando também nunca havia vencido os alemães em jogos oficias.