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O Flamengo elegeu nesta segunda-feira (16) o novo presidente do Conselho Deliberativo. Ricardo Lomba será o responsável pela pasta no próximo triênio com um objetivo principal de pacificar o clube e colocar para frente o plano de reforma do estatuto. Apoiado por Luiz Eduardo Baptista, o Bap, que também venceu a eleição, ele conseguiu reunir pessoas dos mais diferentes grupos ao longo da campanha.
"Fico muito honrado de encontrar apoio de diferentes correntes nesse ambiente turbulento de eleição. Tenho recebido muitas ligações de pessoas do Bap, Maurício e Landim. Mostra que, a despeito do que aconteceu na eleição para o Conselho Diretor, as pessoas veem em mim alguém que pode dar uma contribuição boa para o Flamengo. Quero fazer um Conselho Deliberativo plural, contar com a participação de todos. Todo mundo vai ter espaço e voz. Precisamos democratizar esse debate, ampliar as discussões, trazer um pouco mais de harmonia. Convencer todos que, não importa da onde vem a proposta de emenda, vamos discutir o mérito e não a origem delas. Estou surpreso com a quantidade de apoio e me dá uma expectativa grande", disse Lomba.
Ricardo Lomba foi eleito em votação na sede da Gávea na última segunda-feira. Ele concorreu com Álvaro Ferreira e recebeu 943 votos.
A pacificação envolve apaziguar o clima dentro do clube. Durante a eleição presidencial, os grupos de Bap e Dunshee/Landim se atacaram diversas vezes. Nos bastidores e na própria transição entre os governos houve problemas.
Lomba é sócio-proprietário do Flamengo e engenheiro por formação. Ele é diretor fiscal da Receita Federal e costumava frequentar a arquibancada dentro e fora do Rio de Janeiro. Em 2010 se associou ao clube e fez parte da comissão que apurou as contas de Patrícia Amorim. Depois, foi vice do Conselho Deliberativo e se tornou vice de futebol na gestão Eduardo Bandeira de Mello no final de 2017 e em 2018, ano em que concorreu à presidência do clube como candidato da situação e foi derrotado por Rodolfo Landim. Ele tentou ser presidente do Conselho em 2021 e conseguiu em 2024.
Palavras do novo presidente do conselho
Em entrevista ao portal UOL, Lomba falou sobre diversos assuntos:
O que ele quer atingir? "Eu sempre busquei durante todo o meu período no Flamengo construir amizades, ter relacionamentos. É claro que, quando você está em um clube gigantesco e num grupo muito heterogêneo, você não consegue agradar a todo mundo. Mas partindo do princípio que a gente se depara com adversários políticos e não com inimigos, eu acho que você já começa a encaminhar uma solução boa para isso. Não tem problema nenhum em conversar e sentar com pessoas que pensam completamente diferente de mim. Talvez essa seja uma maneira para a gente começar a fazer essa pacificação. Creio que o Conselho Deliberativo é um poder de suma importância. Grandes decisões são tomadas ali, as mais relevantes. A minha ideia é ter um conselho plural, com pessoas dos diversos grupos e debatendo em alto nível. Temos de debater ideias, conceitos, projetos, independentemente de onde ele vem. Não há razão nenhuma para um determinado projeto ter vindo de um grupo de oposição e não considerarmos só por isso. Temos que colocar em primeiro lugar o bem do Flamengo. A ideia é conversar com quem quer que seja, tentar sim pacificar o clube, trazer todo mundo para a realidade que deve ser enfrentada, que é fazer um Flamengo cada vez melhor e maior."
Maiores desafios e estádio: "São desafios gigantescos. Não bastasse qualquer triênio normal que os desafios são grandes, a gente tem uma cerejinha do bolo que é "só" a construção de um estádio. Compramos o terreno no ambiente que houve, inclusive, uma certa polêmica, porque foi um processo muito acelerado. Falando como sócio e conselheiro: conversando com outros amigos lá dentro do Flamengo, pensamos que era uma votação em que estávamos amarrados. Não tinha como votar contra porque é o sonho da nação. Mas a maneira como isso se desenvolveu é que pouquíssimas pessoas tinham conhecimento melhor daquilo tudo. Nós tínhamos muito pouca informação. Aquela votação foi muito comemorada, e eu votei a favor, mas era meio que temos que fazer isso, porque não dá para ser contra. Mas o que a gente, de fato, está comprando? Que terreno é aquele? O terreno já está em condições de poder ser construída alguma coisa nele? As licenças já existem? Qual o projeto? Não tínhamos informação. Esse é o grande desafio. Além disso, temos que conviver também com um calendário alucinado em 2025. O Flamengo, ao entrar num campeonato, entra para vencer."
Por que o Deliberativo? "Eu sempre entendi o Conselho Deliberativo como um poder muito importante. Lá atrás, em 2012, quando a gente começa a participar da vida política do Flamengo, naquela campanha da Chapa Azul, e que o presidente Eduardo Bandeira de Mello foi eleito, já estávamos discutindo e trabalhando em cima do estatuto. Sempre foi um tema muito caro para nós. Quando o Bap me chama para conversar e falamos sobre eleições, em algum momento ele me convida para isso. Fiquei muito empolgado. Seria uma oportunidade bem interessante pelo que almejamos lá atrás de fazer uma reforma do estatuto, uma modernização. Recebi isso como um desafio interessante. Estávamos muito preocupados em formar um time muito bom, com pessoas competentes, discutir Flamengo de uma maneira ampla e sem botar as peças nos lugares. A nossa preocupação era de ganhar a eleição e, a partir de agora, liderados pelo Bap, as peças vão começar a ser encaixadas."
Estar apoiado por Bap pode atrapalhar? "O Flamengo é dividido em esferas e em poderes. E cada poder tem a sua área de atuação e as suas competências, um poder não manda no outro. Claro que o presidente é aquela figura maior, mas o Bap tem as atribuições dele, a área da atuação dele. O presidente do Conselho Deliberativo é tão presidente quanto o presidente do Conselho Diretor, só que ele tem uma outra área de atuação, outras competências, assim como o presidente do Conselho Fiscal. Há uma divisão de poderes para que você tenha uma estrutura administrativa e a coisa flua de maneira melhor. Têm que ser independentes, sim, mas harmônicos. Você tem que ter alinhamento de pensamentos e ideias para que a coisa flua de uma maneira boa, para que o Flamengo evolua, ande para frente. Mas eu não vou interferir no poder do Bap, assim como eu tenho certeza que ele não vai interferir no meu poder. Vamos conversar, debater, mas não há uma ingerência do poder do presidente sobre o presidente do Deliberativo. Quem manda no Conselho Deliberativo também não é o presidente, é o plenário."
Clube quer garantir permanência do craque até 2028 e acelerar acordo antes da abertura da janela de transferências do Super Mundial
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A fase de estabilidade técnica e emocional do Flamengo tem refletido diretamente nas decisões internas do clube. Líder do Brasileirão e com a confiança do elenco em alta, a diretoria começa a projetar os próximos passos — e um deles envolve garantir a permanência de um dos nomes mais relevantes da geração vencedora: Giorgian De Arrascaeta.
UM MOMENTO DE GALA DO CAMISA 10
Aos 30 anos, o uruguaio é peça central do time de Filipe Luís e, mesmo após uma temporada 2024 marcada por lesões e oscilação, recuperou espaço e moral com a camisa 10. A avaliação interna é de que ele voltou a ser decisivo — tanto em campo quanto no vestiário. Com contrato vigente até dezembro de 2026, Arrascaeta já está em negociação para estender o vínculo por mais dois anos. A proposta atual prevê validade até o fim de 2028, com reajuste salarial e bônus por metas esportivas.
A renovação é tratada como prioridade após o camisa 10 voltar a ser destaque técnico da equipe. A comissão de Filipe Luís enxerga o meia como peça-chave na estrutura tática e acredita que ele ainda pode render em alto nível por mais tempo. Internamente, o entendimento é de que a camisa 10 fez bem a Arrascaeta. A mudança de numeração, em meio à saída de Gabigol da simbólica função, mexeu com o perfil do jogador, que passou a ter postura mais participativa em campo e maior liderança nos bastidores.
FLAMENGO QUER A RENOVAÇÃO DE ARRASCAETA
O movimento da diretoria para amarrar o novo acordo ganhou força diante do aumento de sondagens vindas de clubes da Arábia Saudita e do Catar. Ainda que nenhuma proposta oficial tenha sido colocada na mesa, o Flamengo quer evitar surpresas e se proteger antecipadamente. A ideia é concluir a renovação antes da abertura da janela do meio do ano.
Pessoas próximas ao jogador revelam que há boa vontade de ambas as partes e que o desejo de seguir no clube é mútuo. O Flamengo, inclusive, já sinalizou que não pretende dificultar ajustes em luvas e premiações, desde que haja equilíbrio financeiro. Arrascaeta chegou ao Flamengo em 2019, contratado junto ao Cruzeiro por cerca de R$ 63 milhões. Desde então, conquistou títulos importantes como Libertadores (2019 e 2022), Brasileirão (2019 e 2020), Copa do Brasil (2022) e tornou-se um dos ídolos da torcida.
Clube descarta contratação do defensor do Inter, que deve ir para o Osasuna; lateral-esquerdo pode ser utilizado como zagueiro
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A diretoria do Flamengo bateu o martelo: Vitão não será contratado. O zagueiro do Internacional, que era o principal alvo da diretoria rubro-negra para reforçar o sistema defensivo, tem destino encaminhado para o futebol europeu. O Osasuna, da Espanha, apareceu com força nas negociações, o que tirou o Flamengo da jogada.
Com a saída de cena do defensor colorado, o Flamengo deve adotar uma estratégia mais conservadora no mercado e buscar soluções internas. A principal alternativa passa a ser Alex Sandro. Reforço anunciado para a temporada, o lateral-esquerdo pode ser adaptado para a zaga, função que exerceu algumas vezes na Juventus.
A ideia tem o aval da comissão técnica liderada por Filipe Luís e também de Boto, responsável pela coordenação do departamento de futebol. Ambos entendem que o elenco atual pode suprir a ausência de um novo zagueiro, ao menos neste momento. A janela internacional de transferências abre no dia 2 de junho. O Flamengo, de olho no Super Mundial de Clubes da Fifa, trabalha com cautela para não errar nos movimentos. Jorginho, ex-Arsenal, já está fechado e será anunciado em breve, como antecipado por André Hernan.
Vitão era considerado o plano A para a defesa. Jovem, com experiência de Série A e cotado para Seleção, o jogador se encaixava no perfil buscado pelo Flamengo. O entrave financeiro e o avanço do clube espanhol tiraram o Rubro-Negro da disputa. Segundo informações apuradas por Fabrício Lopes, com o retorno de Matías Viña programado para a segunda quinzena de maio, Alex Sandro deve ter mais liberdade para atuar por dentro. O uruguaio, que se recupera de lesão, estará à disposição no momento em que o clube mais precisa.
Alex Sandro é versátil. Além de lateral-esquerdo de origem, já foi utilizado como zagueiro pela Juventus e também em momentos pontuais pela Seleção Brasileira. A adaptação não é novidade para o atleta, que tem respaldo e experiência para assumir a função. Outro nome especulado recentemente na Gávea foi Vitor Reis, jovem zagueiro que trocou o Palmeiras pelo Manchester City. No entanto, o clube inglês não trabalha com a hipótese de emprestar o jogador ao futebol brasileiro neste momento.
Atacantes são homenageados por marca histórica com camisas emolduradas no Ninho do Urubu; dupla vive bom momento sob comando de Filipe Luís
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A partida contra o Corinthians não foi apenas uma goleada marcante do Flamengo no Campeonato Brasileiro. No Maracanã, Bruno Henrique completou 300 jogos pelo clube, enquanto Luiz Araújo chegou à marca de 100 partidas. Como reconhecimento ao feito, o diretor de futebol José Boto entregou camisas personalizadas aos dois atacantes durante cerimônia interna no Ninho do Urubu. A ação ocorreu na reapresentação do elenco após o clássico.
Os números confirmam o peso da dupla dentro do atual elenco rubro-negro. Bruno Henrique é um dos nomes mais longevos do grupo, com trajetória iniciada em 2019. Já Luiz Araújo, contratado em 2023, ganhou espaço gradualmente e hoje é peça frequente nas escalações de Filipe Luís.
Em 2025, a dupla tem sido presença constante no rodízio ofensivo promovido pela comissão técnica. Bruno Henrique, camisa 27, soma 17 partidas nesta temporada, com seis gols marcados e uma assistência. Luiz Araújo, que veste a 7, entrou em campo 19 vezes no ano. O ponta-direita tem quatro gols e três passes decisivos, mantendo boa regularidade principalmente nos jogos do Brasileirão e da Libertadores.
A estratégia de rodízio no setor ofensivo tem sido uma marca do trabalho de Filipe Luís à frente do time. O treinador aposta na gestão física dos jogadores para manter alto nível competitivo em todas as competições. Embora vivam bom momento, Bruno Henrique e Luiz Araújo ainda não têm presença garantida no próximo compromisso da equipe. O Flamengo enfrenta o Botafogo-PB, nesta quinta-feira (1), pela ida da terceira fase da Copa do Brasil.
A tendência é de que Filipe Luís opte por uma equipe alternativa em São Luís, no Maranhão. A decisão será tomada após a última atividade antes da viagem, quando todo o elenco passará por reavaliação física. A utilização de um time misto ou “B” não é novidade na gestão atual. Com calendário apertado, o clube tem priorizado o revezamento em partidas consideradas de menor desgaste técnico.