Caso de Sampaoli e confiança em Filipe Luís foram fundamentais na demissão de Tite no Flamengo

Curiosamente, o Corinthians foi campeão daquela edição sob o comando de Tite. Com a demissão do treinador nesta segunda-feira (30), o Flamengo atingiu a marca de dez trocas de técnicos em cinco anos. Nenhum comandante nesse período conseguiu completar uma temporada no comando da equipe. O último a realizar tal feito foi Vanderlei Luxemburgo, em 2011.

Tite, que esteve à frente do Flamengo por 11 meses, não conseguiu corresponder às altas expectativas que o cercavam. Apesar de ser ex-treinador da Seleção Brasileira em duas Copas do Mundo, seu time teve poucos momentos de brilho ao longo da temporada. A eliminação decepcionante na Libertadores selou sua saída.

Agora, Filipe Luís assume o comando do Mengão, com o desafio de manter a equipe no G4 do Brasileirão e buscar o título da Copa do Brasil, na qual o Flamengo já está na semifinal contra o Corinthians.

Embora Tite não tenha conseguido completar a temporada, ele esteve presente no último momento em que o Flamengo teve um técnico que cumpriu todo o ciclo de um ano. Em 2011, Vanderlei Luxemburgo assumiu o clube no final do ano anterior e permaneceu no cargo até o início de 2012. Naquela temporada, Luxemburgo levou o Mengão às quartas de final da Copa do Brasil e encerrou o Campeonato Brasileiro em quarto lugar.

O Flamengo oficializou a presença de Filipe Luís no comando da equipe após a confirmação da regularização de sua licença A, que permite que ele comande qualquer time da Série A do Brasileirão sem restrições. Com isso, o ex-jogador, que recentemente anunciou sua aposentadoria dos gramados, poderá exercer a função de treinador na beira do campo de maneira plena.

A licença A, que é uma exigência para técnicos atuarem na Série A do Campeonato Brasileiro, garante que Filipe Luís tenha todas as credenciais necessárias para dirigir o Flamengo em competições oficiais. Essa é uma informação crucial, considerando a exigência de regulamentação por parte da CBF para a participação de novos treinadores em competições de elite do futebol nacional.

O processo de obtenção e regularização da licença A envolve, além da experiência em campo, a conclusão de módulos e cursos específicos voltados para a qualificação de treinadores, o que demonstra a seriedade com que Filipe Luís encara a nova fase de sua carreira no Flamengo. Após pendências burocráticas serem resolvidas, a licença de Filipe Luís foi confirmada, assegurando que ele estará ao lado de sua comissão técnica no banco de reservas, contribuindo para a evolução tática e técnica do Flamengo.

Com a documentação regularizada, o ex-lateral passa a ter o direito de atuar em todas as partidas sem precisar de um treinador substituto. Essa transição de um jogador de renome para treinador de um clube de elite como o Flamengo é vista com bons olhos pela torcida e pela diretoria, que confiam na capacidade do profissional em trazer resultados expressivos. A escolha de Filipe Luís reforça a aposta do clube na manutenção de um padrão de qualidade e experiência no comando técnico.

Vale ressaltar que a licença A é um pré-requisito obrigatório para todos os técnicos que desejam comandar equipes na primeira divisão do campeonato brasileiro. Treinadores sem essa certificação ficam impedidos de exercer a função principal, precisando de um substituto com qualificação adequada para atuar na beira do gramado.

A pressão sobre Tite nos últimos dias, intensificada pela eliminação na Libertadores, culminou na decisão da diretoria do Flamengo de demiti-lo, mesmo com a semifinal da Copa do Brasil contra o Corinthians se aproximando.

O treinador foi dispensado dois dias antes do início do mata-mata. A vitória por 1 a 0 contra o Athletico-PR no domingo, que quebrou uma sequência de quatro jogos sem vencer, não foi suficiente para aliviar a pressão ou mudar a avaliação do trabalho, considerado estagnado pela diretoria.

Tite chegou ao Flamengo em outubro do ano passado, cercado de prestígio. Sob seu comando, o clube conquistou o Campeonato Carioca de forma invicta, com a defesa menos vazada da história da competição, sofrendo apenas um gol.

Durante a Copa América, mesmo com muitos desfalques, o treinador conseguiu manter o time competitivo, o que foi bem visto internamente. No entanto, a queda de rendimento a partir de agosto despertou preocupações, ainda que a diretoria atribuísse parte desse declínio às constantes ausências no elenco.

Após a eliminação na Libertadores, a partida contra o Athletico-PR foi tratada como uma "última chance" para Tite reverter a situação. Apesar da vitória, conquistada com um gol de Gerson aos 44 minutos do segundo tempo, o desempenho não foi considerado suficiente.

A rápida chegada de Tite à sala de coletiva após o jogo, algo incomum, chamou a atenção, sugerindo um contato curto entre o treinador e os jogadores. Na verdade, segundo o 'GE', não houve nenhuma interação, o que foi interpretado como um sinal de distanciamento e falta de sintonia, algo que incomodou ainda mais os dirigentes.

Após a partida, o presidente Rodolfo Landim e o vice de futebol Marcos Braz discutiram a situação. Na manhã de segunda-feira, decidiram pela mudança, comunicando o agente de Tite, Gilmar Veloz, e publicando a nota oficial da demissão às 7h30.