Ex-diretor executivo do Flamengo pode parar rival da série A

Durante 13 anos no Flamengo, Bruno Spindel viveu bastidores intensos e conquistas marcantes. Passou por áreas como marketing, CEO e, a partir de 2019, assumiu o cargo de diretor executivo de futebol. Demitido em agosto de 2025, o ex-dirigente revelou qual foi o momento mais conturbado de sua passagem pelo clube: a agressão sofrida por Pedro, em 2023, por parte de um membro da comissão técnica de Jorge Sampaoli.

A CRISE DA AGRESSÃO A PEDRO

Bruno Spindel sobre agressão de Pablo Fernández a Pedro, no Flamengo: "Foi muito difícil tomar decisões"

O episódio aconteceu após uma vitória sobre o Atlético-MG, quando Pedro, que havia ficado no banco de reservas, foi agredido com um soco pelo preparador físico Pablo Fernández. A situação gerou enorme repercussão interna e externa, desestabilizando o ambiente rubro-negro em meio a uma boa fase da equipe. Segundo ele, o caso foi tão impactante que alterou o rumo da temporada, afetando o desempenho coletivo e o clima no vestiário.

“Acho que a crise mais difícil foi a agressão ao Pedro. Foi muito difícil tomar decisões, dar apoio total ao jogador e aparar todas as arestas para voltar ao trabalho. O time estava voando, vínhamos de uma atuação impecável contra o Grêmio e da quebra do tabu com o Atlético-MG. A crise tirou o trabalho dos trilhos e teve consequências pesadas”, contou Spindel em entrevista ao GE.

APOIO TOTAL AO ATACANTE

Bruno Spindel destacou que, junto de Marcos Braz, buscou garantir apoio integral a Pedro nos dias seguintes ao episódio. O dirigente relatou que acompanhou o atacante em todos os desdobramentos do caso, inclusive na delegacia, além de oferecer suporte à família e aos empresários do atleta.

“A primeira coisa que eu e Braz fizemos foi dar todo apoio ao Pedro. Estivemos com ele na delegacia, conversamos com o pai e com os empresários. Tentamos aparar as arestas para ele se reintegrar. O Pablo foi demitido, mas ficou uma trinca nas relações internas. Tentamos recolocar o trabalho nos eixos, mas a situação deixou marcas”, afirmou. Apesar da demissão de Pablo Fernández, a tensão interna permaneceu, com o elenco dividido e o ambiente abalado.

POR QUE SAMPAOLI NÃO FOI DEMITIDO DE IMEDIATO

Mesmo com o episódio, Jorge Sampaoli permaneceu no comando técnico até o fim da temporada de 2023. O Flamengo só optou por sua demissão após a perda do título da Copa do Brasil. Spindel explicou que a decisão de manter o treinador foi “muito complexa”, já que a comissão técnica ainda contava com respaldo por resultados e desempenho.

“Era uma decisão muito difícil. O caso teve consequências, mas acreditávamos que ainda daria para vencer tudo o que disputávamos. O time vinha jogando bem e brigava por títulos. A saída do Paulo Sousa, em 2022, também foi complicada, mas conseguimos ajustar e acabamos campeões da Libertadores e da Copa do Brasil. Havia a esperança de que o mesmo pudesse acontecer”, explicou.

DE SAMPAOLI A FILIPE LUÍS

Após a saída de Sampaoli, o Flamengo apostou em Tite, mas o ciclo do treinador durou pouco mais de um ano. Em 2025, com um novo projeto, o clube optou por Filipe Luís, que estreou como técnico profissional e iniciou uma nova fase no comando do time. Spindel, que acompanhou parte dessa transição, encerrou sua passagem pelo clube pouco tempo depois, marcando o fim de uma era de mais de uma década dentro da estrutura rubro-negra.

O ex-diretor executivo Bruno Spindel revelou bastidores importantes de sua passagem pelo Flamengo, especialmente sobre a chegada de Jorginho ao clube. Em entrevista ao GE, Spindel afirmou que as negociações com o meio-campista começaram ainda em 2024, antes mesmo de Luiz Eduardo Baptista (Bap) assumir a presidência do clube.

NEGOCIAÇÃO POR JORGINHO COMEÇOU EM 2024

Spindel sobre a contratação de Jorginho pelo Flamengo: "Eu já tinha passado para o Bap, alguns dias depois da eleição"

Segundo Spindel, as tratativas pela contratação de Jorginho vinham sendo conduzidas com antecedência. O dirigente contou que já havia informado Bap sobre a possibilidade logo após as eleições presidenciais: “Eu já tinha passado para o Bap, alguns dias depois da eleição, que havia a possibilidade do Jorginho vir. Desde abril de 2024, o Dudu (intermediário) já estava direcionado para negociar a vinda dele para o Brasil.”

Spindel também revelou que o assunto foi tema de conversa com Filipe Luís, atual técnico do time, logo após a final da Copa do Brasil: “Eu e Filipe conversamos sobre o Jorginho no ônibus depois da final. Poderia contribuir mais, mas entendo a chegada de um novo diretor, com outro perfil, mais técnico.”

COMO FOI A CHEGADA DE JORGINHO AO FLAMENGO

O meio-campista Jorginho chegou ao Flamengo no meio da temporada de 2025, reforçando o elenco para a disputa do Mundial de Clubes. Apesar do pouco tempo de adaptação, o ítalo-brasileiro rapidamente conquistou a titularidade e se tornou um dos líderes do elenco.

O Flamengo não precisou pagar multa rescisória, já que o jogador rescindiu seu contrato com o Arsenal (Inglaterra) antes de assinar com o clube carioca. O vínculo atual de Jorginho com o Rubro-Negro é válido até o fim de 2028.

OS BASTIDORES DA SAÍDA DE SPINDEL

Figura de confiança do ex-presidente Rodolfo Landim, Bruno Spindel acabou perdendo espaço após a vitória de Bap nas eleições de 2024. Durante a transição, ele colaborou com a nova diretoria, repassando informações e processos internos do futebol.

No entanto, com a chegada de José Boto, o então diretor técnico, o papel de Spindel foi sendo gradualmente reduzido, culminando em seu desligamento oficial em agosto de 2025: “Poderia ter contribuído mais, mas entendo a mudança de perfil na direção. É natural em um novo ciclo”, resumiu o ex-dirigente.

PRÓXIMO JOGO DO FLAMENGO

Após a pausa da Data FIFA, o Flamengo volta a campo no dia 15 de outubro, para enfrentar o Botafogo, no Estádio Nilton Santos, às 19h30 (horário de Brasília). O clássico é válido pela 28ª rodada do Brasileirão e terá transmissão do Premiere (pay-per-view).

O diretor técnico do Flamengo, José Boto, entrou na mira do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) após declarações contundentes sobre a arbitragem do Campeonato Brasileiro. O caso ganhou força após as polêmicas da 27ª rodada, especialmente no duelo entre São Paulo e Palmeiras, marcado por decisões controversas.

José Boto, do Flamengo: "O que acontece em outros campos deixa suspeitas"

STJD PEDE ESCLARECIMENTOS

De acordo com informações da ESPN, o STJD decidiu convocar Boto para prestar esclarecimentos sobre suas falas. A frase que motivou o movimento foi dita após a partida entre Flamengo e Bahia, na Arena Fonte Nova: “O que acontece em outros campos deixa suspeitas.” Nos bastidores, o dirigente português ficou incomodado com o fato de a convocação ter sido divulgada pela imprensa antes mesmo de chegar oficialmente a ele.

CLIMA TENSO ANTES DE FLAMENGO X PALMEIRAS

A situação ocorre em meio a uma tensão crescente entre Flamengo e Palmeiras, que se enfrentam no dia 19 de outubro, no Maracanã, em confronto direto pelo topo da tabela do Brasileirão. Nos últimos dias, as trocas de declarações entre Leila Pereira e Luiz Eduardo Baptista (Bap) intensificaram o clima entre os clubes. O clube carioca teme que a repercussão das falas de Boto e o ambiente político no futebol brasileiro influenciem a arbitragem do confronto.

PRECEDENTE: O CASO JOHN TEXTOR

A atitude do STJD segue um padrão recente. John Textor, dono do Botafogo, foi indiciado por acusações semelhantes e precisou pagar R$ 1 milhão para encerrar o processo. A diferença é que, no caso do norte-americano, houve acusações diretas de manipulação contra o Palmeiras, o que Boto evitou fazer.

AS DECLARAÇÕES DE BOTO

Em sua entrevista após o empate com o Bahia, José Boto fez críticas duras à arbitragem e à CBF, alegando falta de transparência e critérios duvidosos: “O que se passa nos outros campos é vergonhoso. Tentamos falar com a CBF, com o presidente, com a Comissão de Arbitragem, todas as semanas, mas continua igual. O que acontece em outros campos deixa suspeitas do que se passa por trás.”

O dirigente também mencionou o árbitro Ramon Abatti Abel, que apitou o jogo entre Cruzeiro e Flamengo e, na rodada seguinte, foi escalado para São Paulo x Palmeiras: “O árbitro que nos prejudicou na quinta-feira teve como prêmio ir apitar o nosso rival. Alguém tem que vir falar sobre isso. Não podemos fazer mais do que já fazemos, que é mostrar os lances e conversar com eles. Vemos nossos principais rivais sendo ajudados.”

“ALGO NÃO CHEIRA BEM”

Por fim, Boto reforçou que não acusa ninguém diretamente, mas voltou a insinuar diferenças de critérios e situações “estranhas” nas últimas rodadas: “Basta ver o que se passa. Não estou acusando ninguém, mas, como estrangeiro, isso não me cheira bem. Não me parece apenas falta de qualidade dos árbitros. Eles apitam de um jeito em um campo e de outro em outro. Isso nos prejudica.”

Agora, o dirigente deve apresentar defesa formal ao STJD, enquanto o Flamengo monitora o desenrolar do caso com cautela, especialmente às vésperas de mais um duelo decisivo pelo título do Brasileirão, diante do Alviverde paulista.