"TITE'S RETURN: A FAMILY DECISION"

O desejo do São Paulo em contar com o volante Allan para a próxima temporada encontrou um obstáculo que vai além das questões financeiras entre os clubes. A negociação, inicialmente vista como promissora nos bastidores do Morumbi, esfriou nos últimos dias. O motivo central do impasse é a incerteza que ronda a Gávea sobre a permanência do técnico Filipe Luís no comando do Flamengo para 2026.

O Tricolor já havia desenhado uma estratégia clara para tirar o jogador do Rio de Janeiro. A proposta apresentada aos representantes do atleta consistia em um empréstimo válido por uma temporada, com cláusula de compra obrigatória de um percentual dos direitos econômicos mediante o cumprimento de metas esportivas. O modelo foi bem recebido pelo estafe de Allan e cabia no orçamento do clube paulista.

FLAMENGO ADOTA CAUTELA

A resposta vinda do Rio de Janeiro, contudo, foi de compasso de espera. A diretoria rubro-negra comunicou que não pode avançar nas tratativas para a saída de Allan neste momento. A justificativa é técnica: caso Filipe Luís não renove e um novo treinador seja contratado, o volante pode voltar a ser peça no planejamento do elenco.

Internamente, a leitura do mercado é direta. Se a atual comissão técnica permanecer, a tendência é que Allan seja liberado para buscar novos ares em 2026, visto que não figurou como peça central no esquema de Filipe Luís em 2025. Porém, enquanto a assinatura da renovação não acontece, qualquer movimento de saída fica paralisado.

PEDIDA SALARIAL DE FILIPE LUÍS

O grande problema para o São Paulo é que a "novela" da renovação do treinador flamenguista parece longe do fim. Apesar de especulações sobre um acerto, fontes ligadas ao clube carioca negam que a proposta tenha sido aceita e demonstram surpresa com rumores de um desfecho positivo imediato.

No último sábado, surgiu uma nova versão nos bastidores indicando que Filipe Luís estaria disposto a renovar o contrato com o Flamengo. De acordo com essa linha, o treinador teria reduzido sua pedida salarial, aceitado a proposta apresentada pelo clube, mas condicionado o acordo ao pagamento de dois auxiliares por parte da diretoria rubro-negra. A informação, no entanto, foi colocada em xeque.

Em seu blog, o jornalista Mauro Cezar Pereira ouviu duas fontes relevantes do clube. A principal respondeu de forma direta, negando a existência de acerto. Já a segunda afirmou que, desde o início das negociações, o empresário do treinador não reduziu os valores solicitados, mas confirmou que existe, de fato, uma discussão envolvendo a remuneração dos auxiliares.

VERSÕES CONFLITANTES E DESGASTE NAS NEGOCIAÇÕES

Com versões distintas surgindo diariamente, o processo se transformou em uma clara guerra de narrativas. O Flamengo entende que apresentou uma proposta fora do padrão, inclusive superior àquela paga à comissão técnica liderada por Jorge Jesus, em 2019. Do outro lado, Filipe Luís considera legítimo pleitear aquilo que julga justo. Ainda assim, o prolongamento do impasse tem causado desgaste na relação. Internamente, há o entendimento de que, mesmo em caso de acordo, o cenário atual dificulta a construção de um ambiente plenamente harmônico no dia a dia.

PRAZO CONSIDERADO ENCERRADO POR DIRIGENTES

Na prática, não houve acerto até o momento. Segundo o jornalista Rodrigo Mattos, parte da diretoria rubro-negra avalia que o prazo para fechar a renovação se esgotou, o que levou o clube a intensificar a análise de possíveis substitutos. As conversas se arrastam desde a primeira fase da Libertadores, quando ocorreu a tentativa inicial de extensão contratual. Posteriormente, Filipe Luís passou a ser representado pelo empresário português Jorge Mendes. Em setembro, o agente apresentou uma proposta salarial considerada elevada pelo Flamengo, o que dificultou o avanço das tratativas.

IMPASSE ENVOLVE PACOTE COMPLETO DA COMISSÃO

Neste fim de semana, o treinador chegou a sinalizar alguma flexibilidade, mas optou por manter o valor que considera justo. A posição de Filipe Luís é clara: receber aquilo que o clube está disposto a pagar não apenas ao técnico, mas a toda a comissão técnica. A diretoria, por sua vez, sustenta que a negociação sempre tratou do pacote completo, incluindo treinador e auxiliares. Assim, na avaliação interna, não houve aceitação formal da proposta até este domingo, e a diferença entre os valores ainda persiste.

Com contrato válido apenas até o fim do ano, o cenário segue indefinido. Ainda existe a possibilidade de um desfecho positivo, desde que o treinador aceite os termos apresentados pelo clube. Caso contrário, a tendência é que o Flamengo avance definitivamente para outras opções no mercado.

O Flamengo trabalha em duas frentes para garantir a estabilidade do comando técnico visando a temporada de 2026. Enquanto as negociações para a renovação de Filipe Luís seguem sem um desfecho oficial, a diretoria rubro-negra agiu nos bastidores para não ser pega de surpresa. Segundo apuração do jornalista Rudy Galetti, o clube carioca já teria um acordo verbal encaminhado com o português Artur Jorge, ex-Botafogo e atualmente no Al-Rayyan.

A movimentação é tratada internamente como uma medida de segurança. A prioridade na Gávea continua sendo a extensão do vínculo de Filipe Luís, atual campeão da Libertadores e do Brasileirão. No entanto, diante do impasse nas tratativas e do receio de perder o comandante, o clube buscou deixar um substituto engatilhado para assumir o cargo imediatamente, caso a saída do ídolo se confirme.

DESEMPENHO SÓLIDO

Artur Jorge, de 53 anos, é um nome conhecido do futebol carioca por sua passagem recente pelo Botafogo. O técnico deixou o Alvinegro na temporada passada para assumir o desafio no futebol do Catar, onde vem apresentando resultados consistentes.

Desde que chegou ao Al-Rayyan, o português soma 35 partidas, com um total de 21 vitórias. O recorte da atual temporada é ainda mais positivo: em 16 jogos disputados, a equipe venceu 12, empatou um e sofreu apenas três derrotas. Sob sua batuta, o time demonstra forte poder ofensivo, tendo marcado 44 gols e sofrido 25.

MULTA MILIONÁRIA

A multa rescisória gira em torno de US$ 6 milhões, valor próximo de R$ 33,2 milhões na cotação atual. O contrato do português com o clube catari vai até junho de 2027, e o montante é considerado elevado pelos dirigentes rubro-negros. Com o prazo apertado e negociações ainda em andamento, o futuro do comando técnico segue indefinido, aumentando a tensão nos bastidores às vésperas do encerramento do contrato de Filipe Luís.